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terça-feira, 14 de julho de 2015

Linguagem do educador: Moralidade

Oi pessoal!

Iremos abordar um assunto que traz muitos problemas para os professores, como deve ser a linguagem do educador? Todos nós já passamos por momentos difíceis com alunos indisciplinados, nos questionamos, como por exemplo, o que eu faço com aquele aluno que bate nos outros? O que eu faço com aquele que fala palavrão o tempo inteiro? E com aquele que não para um minuto quieto, que fica correndo pela classe?  Colocamos para pensar e não adianta. Essas são frases que são frequentemente colocadas em pautas em reuniões com professores e coordenadores. O post de hoje tem por objetivo ajudar resolver esses conflitos a partir de pesquisas e estudos da professora Telma Vinha, esse post será o primeiro sobre esse tema, acompanhe!

Os conflitos vivenciados em sala são inúmeros, desde a relação aluno-aluno e aluno-professor, a indisciplina é um dos principais causadores desses conflitos. Para tentar amenizar ou acabar com esses acontecimentos muitos optam por uma educação arbitraria e autoritária, essa não é a solução. Aí muitos falam, “Eu converso, converso e nada muda”.  Tudo isso acaba sendo estressante para o aluno e gera insegurança e desconforto ao professor que não sabe o que fazer. Pois bem, Telma Vinha já constata o ponto chave para resolver o problema, que tipo de ser humano queremos formar¿ Autônomo, crítico, criativo, humano, responsável, que saiba conviver com o outro, cidadão, feliz, inteligente. Para que isso aconteça temos que verificar se as intervenções que estamos usando são adequadas para formar um ser humano com essas características.

Evitamos uma educação autoritária, mas não sabemos como agir diante do mal comportamento de uma criança.

Se entrarmos em uma sala de aula tradicional veremos um professor idealizando formar esse ser humano que citamos, porém nos deparamos uma sala de aula com uma carteira atrás da outra e as crianças não podem se comunicar, conversar. Cada um tem que ter o seu próprio material, não pode emprestar para o amigo. A professora é quem diz o que fazer, quando fazer, como começar, quando começar, a que horas terminar. Ela é quem determina, inclusive, a ida ao banheiro. Isso é coerente¿ NÃO!

TRADICIONAL: É a própria professora que diz para as crianças quando está certo e quando está errado.


Buscamos o ideal é não fazemos nada para alcançá-lo, Telma Vinha ainda complementa, “Como é que queremos formar pessoas cooperativas, se um não pode ajudar o outro, porque isso é visto como ‘cola’, como uma coisa negativa? Quando escrevem, eles colocam o braço sobre o trabalho para o outro não ver. Como é que eu posso formar pessoas solidárias, se cada um tem que ter o seu, se eu não posso compartilhar os meus materiais, se eu não posso compartilhar minhas atividades com o meu colega? Como é que eu quero formar pessoas que saibam decidir, se o professor decide até a hora das crianças irem ao banheiro, decide que atividade vai ser dada, como vai ser feita? Como é que eu quero crianças que saibam viver em uma democracia, conviver com os iguais, se eles não podem conversar? ” E agora o que iremos falar após esse argumento?Estamos agindo de forma correta diante dos nossos alunos?

Existe uma incoerência entre o objetivo e os instrumentos utilizados para atingir esse objetivo. Se o objetivo é formar um ser humano autônomo, criativo etc. A sala tem que ter um ambiente em que tudo isso seja possível de acontecer. A partir disso o foco a ser trabalhado em sala de aula é a autonomia e o desenvolvimento moral, para que assim o objetivo seja alcançado.

Um ambiente sociomoral é formado por respeito de ideias, opiniões e emoções. Em busca da cooperação.


Moralidade

O desenvolvimento moral refere-se ao desenvolvimento das crenças, dos valores, das ideias dos sujeitos sobre a noção do certo, do errado, dos juízos.
A moral se refere ao que eu devo ser, como eu devo agir perante o outro. Como eu devo e não como eu ajo. O estudo da moral, da ética, é como eu devo agir.
Piaget apresenta dois tipos de moralidade.



Moral autônoma
Quando uma pessoa governa a si mesma, é responsável pelos seus atos, leva em conta o outro antes de tomar uma decisão.

Moral heterônoma
Quando a pessoa é governada pelos outros. É uma pessoa que justifica o que ela faz, justifica o que ela sente em nome do outro, do terceiro.

O fundamental para Piaget é que as pessoas autônomas seguem determinadas normas porque elas acreditam que isso é o melhor para elas. Elas não seguem essas normas para receber uma recompensa, por medo do olhar externo, por medo de uma punição, de uma censura. O importante não é ser leal ou não, mas por que eu estou sendo leal.

A interação com o outro é o meio pelo qual se origina a inteligência, ou seja, para obter o conhecimento é necessário a interação com o objeto e o meio e desta mesma forma o conhecimento moral é adquirido com a socialização com pessoas. A construção dos valores se dá a partir das experiências com o outro.

Como ensinar a moralidade?

Através de histórias e apresentando sua moral? Não! A forma pelo qual se constrói esse conhecimento são por experiências vividas no cotidiano, onde a socialização é fundamental para que isso ocorra, não é somente apresenta-las, mas vive-las.

Exemplo: O pai ensina a não mentir, mas quando, por exemplo, encontra uma morena na padaria, diz para o filho: “não fala para tua mãe que eu encontrei com a fulana”. Ou a mãe bate o carro e diz: “não conta para o teu pai que fui eu! ”. Ou ainda quando a criança fala a verdade, é punida, mais pelo que ela contou do que por ter falado a verdade. No entanto, para a criança, o sentimento é de que falou a verdade e foi castigada. O que ela está aprendendo? A criança vai percebendo que, às vezes, ela mente e não é descoberta e que a mentira é necessária para escapar de um castigo. Essas são as experiências que ela está tendo com as pessoas, mostrando que nem sempre ser honesto é um bom negócio.

Por tanto devemos ficar atentos as nossas atitudes para sermos bons exemplos.
Moralidade envolve uma série de regras e essas regras só existem porque na convivência entre as pessoas são necessárias. Com o tempo, a criança vai percebendo as consequências do não cumprimento da regra ou da necessidade dessa regra existir. Na educação, é isso que tem de ser mostrado para as crianças.

É importante associar uma regra a um bem-estar e às consequências do não cumprimento dessa regra. Tem de haver sentido na existência da regra, para um bom convívio social.

Espero que tenham gostado,
beijinhos*

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